terça-feira, 13 de novembro de 2007

MEU LUGAR E MINHA UTOPIA




Adorei a homenagem que a Assembléia Legislativa fez ao meu pai, quando lhe concedeu o título de Cidadão Acreano. Ele é um acreano espetacular, daqueles que arriscam a vida para proteger os que sequer lhe apertam a mão em agradecimento, pois vivem isolados na floresta assombrosa.
Aproveitando a linguagem do autor da homenagem, o deputado Moisés Diniz, quando fala dos homens invisíveis, também me senti invisível lá na Assembléia. Os jornais me viram como a filha do José Carlos dos Reis Meirelles, o que é uma honra.
Mas eu queria ser vista também como a chefe do Posto da Foz D’Ouro, onde procuramos proteger os homens e as mulheres invisíveis de lá. Eles estão vivendo do seu jeito, com a sua língua, costumes, sofrimentos e alegrias.
Entre lagos, igarapés, clareiras e cipoais, eles tentam resistir à maldade do homem branco, que não consegue olhar a vida sem antes querer arrancar dela algo que dê dinheiro.
Viver no D’Ouro, entre o fogo líquido do dia e a lentidão da noite, com seus sussurros e piados tristes, faz minha alma ficar mais leve, mais próxima do horizonte e mais livre. O D’Ouro é o meu Rio Jordão, a Canaã dos meus sonhos, a terra sem males.
Por isso fico feliz quando o D’Ouro toca o coração dos homens e mulheres da cidade. A solidariedade deles prorroga a vida dos homens e mulheres invisíveis do D’Ouro e do Envira.